quarta-feira, 24 de outubro de 2012

É esse o objectivo, Sr. Félix...

Há alguns dias, veio o ex-Ministro de um governo do Bloco Central (e confesso votador neste governo), Bagão Félix, dizer na televisão que os repetidos Orçamentos de Estado, ditas medidas de "austeridade" e políticas levadas a cabo por este governo são contraproducentes e que têm, e irão continuar a ter, um efeito destruidor na Economia.
Notoriamente constrangido e decepcionado com as consecutivas medidas tomadas pela classe política que actualmente ocupa o governo que, em vez de melhorar, só pioram as coisas, fez este ex-Ministro dois importantes pontos, no decorrer de uma entrevista na SIC.
(Pontos esses, aos quais irá ser acrescentada uma breve explicação, por parte de quem, pelos vistos, está melhor informado sobre o que se passa nos bastidores da política - que, diga-se de passagem, tem este ex-Ministro a obrigação de conhecer melhor do que um mero cidadão com acesso à Internet e a sítios de qualidade nesta, sobre o mencionado assunto.)

Dizia então este ex-Ministro (que, ao que tudo indica, parece ser bem intencionado) que, ao aumentar, de modo brutal, os impostos, está-se, consequentemente, a diminuir a receita gerada pelos mesmos, e também que, ao taxar mais quem mais trabalha, se está a desincentivar o esforço no trabalho e o investimento na formação, no que foi, para mim, uma demonstração de grande ingenuidade, de quem não é capaz de perceber que o objectivo deste governo é mesmo esse - o de puxar a sociedade para baixo e destruir a mesma.
E, sendo assim, passo então, brevemente, a explicar...
  • O que você diz sobre os impostos, Sr. Félix, é (tal como você próprio admite na entrevista) o que toda a gente que percebe minimamente de Economia também sabe. Aumentando os impostos acima de um certo valor, o que se está a fazer, é a retrair o consumo e (diminuindo a actividade económica) a diminuir as receitas geradas por esses mesmos impostos. (Veja-se, por exemplo, uma das coisas que o Presidente John F. Kennedy fez antes de ser morto, em que até - e inversamente - ao diminuir os impostos, aumentou o poder de compra de todos e causou um maior desenvolvimento da sua Economia, aumentando, consequentemente, a quantidade de receitas por estes mesmos impostos arrecadada...) Isto é, aliás, mero senso comum... E não é preciso nenhum curso de Economia para percebê-lo... Se está tudo muito mais caro, começam as pessoas, obviamente, a pensar duas vezes antes de comprar algo e, consequentemente, a racionar - e a ser mais cuidadosas com - as suas despesas. Ainda mais, em casos extremos como este (e que só podem é mesmo ter como resultado um afundamento dessa mesma Economia) em que, ao mesmo tempo, as pessoas recebem cada vez menos, devido aos crescentes aumentos de impostos sobre o produto do seu trabalho, agravando-se assim, ainda mais, a perda do seu poder de compra.
  • Sobre fazer quem mais trabalha pagar mais impostos, basta também recorrer ao mero senso comum. (Fazendo, aliás, o raciocínio que o governo quer que todos também façam...) Pois a maior parte das pessoas não é assim tão estúpida. E, se por trabalharem e estudarem muito mais, vão receber apenas mais um pouco, perdem as pessoas a maior parte do incentivo que possam ter para que se esforcem mais que os outros.
Pensa então o Sr. ex-Ministro que isto são apenas más decisões por parte de quem governa. Que quem ocupa actualmente o governo é estúpido e incompetente. E pensa também você, aparentemente, que tudo isto se trata de uma mera "crise" económica...
Desengane-se, Sr. Félix. Pois, não se trata de uma mera "crise" ou "recessão" económica, causada por factores aleatórios. Mas sim, ao que tudo indica, de um Colapso generalizado da civilização em si, tal como a conhecemos, causado pelo modelo económico de que você é adepto.
Ao contrário de quem neles vota, os nossos governantes não são estúpidos. E, se as medidas que estes tomam estão a ter os efeitos destruidores na Economia que estão, é exactamente com esse objectivo que estão a ser tomadas...
Informe-se sobre o que andam os seus amigos - e amigos deles - a debater e a fazer - em certas reuniões - e depois venha então, mais bem informado, falar para a televisão...

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