sábado, 2 de março de 2013

Palhaçada

Surpreendeu-me, pela negativa, a adesão da CGTP ao protesto de hoje... Pois, se até agora a CGTP se tem pautado e distinguido, nas suas acções de protesto, por ser uma organização que luta por objectivos concretos e que apresenta também alternativas muito concretas, achei estranho que se quisesse juntar a quem, pelo contrário, pouco ou nada disto pelo qual se caracteriza ou tem feito.
Suponho que possa ter sido, talvez, por querer adicionar números a este seu protesto, em particular, para depois poder dizer que tiveram x centenas de milhares de pessoas numa manifestação que também era a sua. Não sei... O que é certo é que, fizesse eu ainda parte de alguma organização sindical, e ainda por mais pequena que fosse, iria querer demarcar-me mesmo muito bem de todos estes novos movimentos de farsa, que apenas adoptam formas de "luta" ineficazes e ridículas.

"Movimento Sem Emprego", "M12M", "15O", enfim... Os nomes que vão surgindo são diferentes. Mas a fórmula é sempre a mesma.
(A qual, para mim, denuncia muito bem quem é que estará por trás de tais movimentos...) E que consiste em nada mais fazer do que protestar e ficar eternamente à espera que quem está a destruir a Economia *de propósito*, como que por milagre, mude de ideias e deixe de fazer o que está a fazer...
Isto, sempre acompanhado de uma muito boa campanha mediática (feita com a ajuda dos média controlados) com cartazes e imagens mesmo muito bem conseguidos e elaborados, e também vídeos a condizer, todos feitos com dinheiro oriundo sabe-se lá donde... Aos quais, claro, se adiciona sempre uma ou outra cara conhecida, para promover a causa (coisa que tem o valor que tem, num país onde, para se ser conhecido, entre quem não tem nada na cabeça, não é preciso muito) para, com isto, chamar alguma carneirada para quem essa mesma celebridade tem algum significado.

Manifestem-se à vontade... Manifestem-se, até, todos os dias, que isso não vai mudar nada. (E podem até, se quiserem, ler a sugestão que dei a quem faz as mais divertidas manifestações de todas, nos comentários a esta notícia.)
Manifestem-se até ficarem efectivamente sem dinheiro e já nem para isso o tiverem. (E, talvez só depois de efectivamente terem caído no buraco, vejam se, no muito tempo livre que vão ter, algum dos vossos neurónios é capaz de concluir que é só avançando com soluções e alternativas é que se resolve alguma coisa...)
Manifestem-se à vontade, mas, não contem comigo para vos fazer companhia... Pois, vou estar antes, provavelmente, ainda a dormir e a recuperar de mais um intenso dia de pesquisa e escrita, até altas horas da noite, sobre o que realmente - e de muito importante - se passa à minha volta, para poder depois avisar os outros disso. (Coisa que considero muito mais importante do que sair para a rua a gritar simples palavras de ordem, inócuas e vazias de conteúdo significativo...)

Se quiserem saber mais das razões pelas quais não me junto a vós, podem espreitar <aqui>, <aqui> e <aqui>.

Mas, por favor, calem-se com esses cantares ridículos, que só desvirtuam, descaracterizam e banalizam as muito belas canções daquele que foi o grande cantor e poeta Zeca Afonso.
Pois, fosse ele vivo, estou certo de que era muito mais ao lado de quem tenta efectivamente mudar as coisas e resolver os problemas que ele continuaria a estar...

5 comentários:

  1. Juntem as duas letras grandes, em azul carregado, que aparecem no vídeo com que termino a colocação.

    O resultado é "MÉ"(ÉEEEE)...

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  2. http://youtu.be/XKejQvxUu6o Abram os Olhos!

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  3. E reparem em como o "É" grande, que aparece no final, tapa a palavra "POVO", de um modo em que se lê antes "POIO", no que está escrito em cima desta letra.

    (Procurem pelo significado popular de - ou sentido figurado em que, por vezes, é usada a palavra - "poio"...)

    "POVO É POIO".

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  4. Amigo Fernando,

    Fico contente por constar duas coisas: primeiro que não desistes, segundo por haver alguém que pense como eu.

    As "manifestações" com a devida cobertura mediática não servem para nada. Para nada não, servem para servir o sistema, para servirem os interesses de quem "ingenuamente" nelas participam julgando estar a mudar "o mundo".

    É bonito cantar "Grândola vila morena", são bonitos os slogans, mas não muda nada, nem nunca irá mudar este tipo de manifestações controladas pelo sistema.

    Este tipo de actuações, controladas pelos sistemas, com os seus helicópteros e as suas transmissões até à náusea, só servem para servir de panela de escape para que não sejam realizadas outro tipo de acções.

    Foi um sucesso, sim foi. Foi muita gente, sim foi.

    Ideias? não as há. Propostas alternativas? Perdem-se no meu desta euforia.

    Cantam à vontade, é bonito, toda a gente gosta de uma bela canção (que o é) desgostoso deveria estar Zéca Afonso se fosse vivo com o que estão a fazer com ela.

    Um abraço

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    1. Olá, amigo Dr. Octopus.

      (Pensei que já não conseguisse recuperar o texto em causa, mas lá o consegui fazer...)

      Pode, se quiser, ler também num comentário a esta colocação o que eu tive a dizer sobre este fenómeno das manifestações, quando (na altura, ainda jovem) no início da década passada, terminei aquela que acabou por ser uma autêntica mini-tournée internacional, no decorrer das chamadas manifestações antiglobalização, que ocorreram um pouco por todo o mundo.

      (O texto que refiro dizia também já muito do que agora penso, em relação a esta forma de luta.)

      É também, para mim, muito agradável constatar que há mais pessoas que têm cabeça suficiente para chegar às mesmas conclusões que eu.

      Um grande abraço.

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