"Anyone who believes exponential growth can go on forever in a finite world is either a madman or an economist."
--- Kenneth E. Boulding, activista quaker inglês
Achei que tinha interesse partilhar também aqui algo que <comentei>, há poucos dias, no blogue de uma das minhas seguidoras, cuja actividade eu também sigo.
(E achei também, já agora, que devia aqui deixar uma explicação...)
Para quem ainda não o sabe, sempre fui profundamente anticapitalista e antiautoritário. Ou, por outras palavras, sempre fui fortemente Socialista, mesmo antes de saber que era um Anarquista. Podendo eu ser genericamente descrito como um socialista libertário.
(Para quem tenha dúvidas: não sou - nem nunca fui - simpatizante das vertentes mais autoritárias do Socialismo - como é o caso do "Marxismo" e derivados - ou, por outras palavras, não sou - nem nunca fui - um discípulo das ideias dos Illuminati...) ;)
Falando em termos gerais e filosóficos, não só considero o Socialismo como o único sinónimo de verdadeira civilização, justiça (se excluirmos as suas formas comunistas), dignidade e respeito, em termos de relações humanas e, mais abrangentemente, em termos sociais e políticos (se excluirmos as suas formas ditatoriais), como considero o Capitalismo uma autêntica degeneração em termos civilizacionais - para além de um sistema imensamente injusto e desrespeitador do próximo, que vejo, cada vez mais, na sua forma presente, como o sistema politico-económico e social simplesmente mais estúpido, alienante, opressor e desumano alguma vez inventado...
Sempre vi o Socialismo como uma verdadeira ideologia, em que existe uma preocupação genuína por Justiça Social. E o Capitalismo como a ausência de valores, a ganância, a sacanagem, o egoísmo, a tacanhez, a exploração, a dominação e a opressão, travestidos de justificações éticas e morais.
(Para além de que pude sempre constatar isso mesmo, ao observar o comportamento da maioria dos adeptos das duas correntes políticas - não me lembrando eu de ver nunca adeptos da chamada direita em manifestações antiguerra ou contra outras políticas e grandes injustiças que causam a morte ou permitem a exploração de outros, que à maior parte das pessoas passam ao lado.)
Acho até que, com o estado a que chegou toda esta sociedade, já nem preciso sequer de argumentar a favor de tudo isto. E que os resultados desta Economia de Mercado - em que resultam quase sempre os sistemas baseados no Capital - e da ganância - da qual resulta toda esta sede de lucro e ávida busca pelo deus-dinheiro, em que, no processo para satisfazer tal, quase tudo é mercantilizável - estão à vista de todos.
A minha curiosidade está até, por vezes, em saber o que têm os defensores do Capitalismo a dizer, agora que se observam os resultados mais que previsíveis deste.
(Os que já sabem o que está a acontecer, isto é. Pois, ainda que levemos já 4 anos de Colapso, e que eu explique detalhadamente a essas pessoas o que está realmente a acontecer, continuo a conhecer quem acha que está tudo bem, que as coisas vão recuperar e que a economia de mercado é que é...)
Mas já sei que a maior parte das pessoas: ou não quer saber dos outros e só quer saber de problemas sociais quando se dá conta de que estes assuntos também lhes afectam; ou quase nunca pensam por si próprias, limitando-se a adoptar as ideias e fórmulas de outras pessoas e a serem depois incapazes de reconhecer que essas mesmas ideias e fórmulas são injustas, menos correctas ou disfuncionais; ou nunca param é para pensar em nada do que é realmente importante, limitando-se, quase sempre, a seguir a sua "manada" particular e a viver segundo as regras que lhes são ditadas pela comunidade em que estão inseridas, sejam essas regras ditadas por uma minoria ou por uma maioria. E que, por estas razões, não têm é estas pessoas simplesmente nada, de jeito pelo menos, a dizer...
(É a sociedade que temos... E a espécie a que pertenço... E a minha paciência já é cada vez menor para discutir política com pessoas lavadas ao cérebro, de mentalidade fechada, indiferentes aos outros e muito pouco inteligentes. Já tenho é cada vez mais uma atitude do tipo "se é atirarem-se de um precipício que querem, então atirem-se...")
Mas, ainda assim, lá vou falando ainda com algumas pessoas e fazendo também aqui algumas colocações sobre estes assuntos.
Segue-se um pequeno texto de alguém mais paciente que eu para explicar o que se passa.
21 MARCH 2011 - ECONOMY
Infinite Growth Is Unsustainable
BY DAVID K. SUTTON
2:50 PM
Capitalism, at least as we know it, requires infinite growth. For-profit companies have to continue to grow in size and increase their profits year after year or risk losing investment money. Many people have gotten very wealthy with this economic model and the rest of us, at least in industrialized countries, have benefited greatly as well. We have many modern conveniences and most of us are quite disconnected from the natural world in a way that would have been unimaginable to people only a few centuries ago. This is certainly good from the standpoint of making our lives easier but it’s not good when you look at the long term picture.
The problem in the long term is that an economic model of infinite growth requires the use of natural resources at increasing rates. The most obvious of these natural resources is petroleum or oil. But many other resources like water and coal are being used at increasing rates to sustain growth in population. This growth in population is fueled by the continued increase in use of natural resources. It’s a cycle of infinite growth that is simply unsustainable on a planet of finite resources.
Hardly anybody in the government or the media is talking about this problem because it’s unimaginable to most people living in modern, industrialized countries that the only way of life they’ve ever known is simply unsustainable in the long term. It’s as if people have either (a) buried their heads in the sand or (b) hope that the shit doesn’t hit the fan until they are long gone. Unfortunately neither position will stop what is inevitable. It really is up to us to realize this now and attempt to build an economic model that is sustainable. This is not possible without major changes. What is apparent is that these changes are going to happen one way or another either by choice or by force as we begin to hit the peaks of supply with regard to some of our most valued natural resources.
One thing that will change regardless of one’s ideology is the very idea of capitalism. As I said, capitalism is an economic system of infinite growth which we can acknowledge (if we aren’t delusional) is not possible on one planet with finite resources. We will need an economic model built on the idea of sustainability, not infinite growth. Our society will have to embrace an idea of collectivism and shared commons. This is fully compatible with democracy but is clearly at odds with capitalism. Some people are going to have to throw away their ideology in favor of something that is sustainable in the long term and in the real world. Some might think that human ingenuity and technology will solve all of our problems. It’s true that these things will help us transition but they cannot erase the simple fact that we only have one planet with finite resources for which to sustain human civilization. No amount of human ingenuity or technology will change that reality.
Amigo Fernando,
ResponderEliminarPercebo perfeitamente o que sentes. Quando por vezes digo a alguns a amigos que me perguntam, afinal quais são as ideias que defendo por estar constantemente contra o "sistema" e que digo defender ideais anarquistas, respondem-me incansavelmente que sou a favor do caos, do vale tudo.
Não vale a pena explicar que "isso" é um estigma que colocaram em quem defende justamente o contrário disso.
Outra via é possível mas o medo e a apatia instaurada na nossa sociedade deturpa e inibe qualquer alternativa.
Pobres dos que votam de 4 em 4 anos ou de 5 em 5 anos e que julgam que estão a participar na mudança, os votos só servem para legitimar o poder. Todos os países ocidentais têm dois grandes partidos que são iguais mas dão ao povo a sensação de alternância.
A "democracia" não existe, é controlada pelos media ao serviços dos grandes grupos económicos, os mesmo que detêm todo o poder.
Um grande abraço
:)))))
Eliminar(E depois chamam "anarquia" às consequências caóticas do sistema autoritário - e estupidificante - em que vivemos... eheh)
Nem mais.
E acrescento que os maiores problemas que vejo na sociedade, e que sempre foram, para mim, as principais causas de toda esta apatia que vemos à nossa volta, são a domesticação e a estupidificação. As quais resultam do sistema de ensino.
As pessoas estão sempre à espera que sejam outros a resolver os problemas porque são, desde pequenas, ensinadas a não pensar e a não decidir sobre nada por si próprias. E simplesmente a obedecer às várias hierarquias a que vão sendo submetidas. Sendo depois apenas "permitido" a estas escolher entre diferentes hierarquias a que se queiram submeter.
É tal como eu disse no seu blogue, e como já dizia enquanto pseudo-estudante: É este imensamente controlado sistema "educativo", que visa limitar, e não expandir, os intelectos, a principal causa de tudo isto.
Disto tinham também já consciência os primeiros anarquistas que aplicaram o ideal libertário à pedagogia. E disto tinha também eu, e vão também tendo outras pessoas, consciência, enquanto vítimas de todo este processo estupidificante. Mas, infelizmente, parece que são mesmo muito poucos os que se sentem intelectualmente oprimidos e lavados ao cérebro - e oprimidos, de um modo geral, na sua Liberdade - enquanto vítimas deste encarceramento mental. E, consequentemente, são muito poucas as pessoas que se apercebem disto...
Enfim... Vamos ver no que dá...
Um Abraço e Viva a Anarquia. ;)
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